ALTAS
VOLTAGENS NECESSATIAS NA FÍSICA MODERNA
Em alguns trabalhos de pesquisa no
campo da Física Moderna torne-se necessária a utilização de voltagens muito
elevadas, cujos valores chegara, a atingir alguns milhões de volts. As altas
vantagens são usadas para acelerar partículas atômicas eletrizadas (prótons,
elétrons, íons etc.), fazendo com que elas adquiriram grandes velocidades.
Estas partículas são, então, lançadas contra os núcleos atômicos de diversos
elementos, provocando reações nucleares que são estudadas pelos físicos. Um
dispositivo que permite obter voltagens muito elevadas para serem usadas nas
experiências mencionadas é o gerador de
Van de Graaff. O nome deste aparelho
é uma homenagem ao físico americano Robert Van de Graaff, que idealizou e construiu o
primeiro gerador deste tipo em 1930.
Robert J. Van Graaff ( 1901 – 1967)
Engenheiro
americano que após estudar anos em Paris, onde teve a oportunidade de assistir
a conferências de Marie Curie, passou a ser dedicar à pesquisa no campo da Física Atômica. Trabalhando na Universidade
de Oxford, Van Graaff sentiu a necessidade, para desenvolver suas pesquisas, de
uma fonte de partículas subatômicas de alta energia. Criou então o gerador de
Van de Graaff, acelerador de partículas que recebeu seu próprio nome e que
encontrou larga aplicação, não só na Física Atômica, como também na Medicina e
na indústria. Mais tarde , voltando ao Estado Unidos, depois de ser dedicar à
pesquisa durante um certo tempo, montou uma indústria para fabricar exemplares
de seu gerador.
PRINCÍPIO
DE FUNCIONAMENTO DO GERADOR DE VAN DE GRAAFF
Vimos, neste, que se um corpo
metálico, eletrizado, for colocado em contato como outro corpo, também
metálico, inicialmente descarregado, haverá transferência de apenas parte da
carga de um para outro. A transferência de carga é parcial porque ela será
interrompida quando os potenciais dos dois corpos se igualarem.
Suponha, agora, que o corpo
possuísse uma cavidade e que fossem
introduzido nela. Nestas condições, a carga de induziria cargas elétricas nas
superfícies interna e externa, a superfície interna fica eletrizada
negativamente e a superfície externa, positivamente, verifica-se que a carga
induzida nas paredes tem o mesmo módulo da carga no corpo ( provocou a indução). Então, se este corpo for colocado
em contato com a parede interna de um outro corpo, a carga induzida neste
parede será neutralizada pela carga desta parede interna. Como consequência
disto o corpo externo ficará eletrizada com uma carga de mesmo sinal e de mesmo
módulo que a carga inicial do corpo interno. Em outas palavras, tudo se passa
como se a carga do corpo interno fosse
integralmente transferida para o corpo externo.
Portanto, quando um corpo metálico
eletrizado é colocado em contato interno com outro, toda sua carga é transferida
para este outro. Lembre-se de que isto não acontece quando o contato é feito
externamente.
Quando há contato interno, a
transferência de carga do corpo que até dentro da cavidade para o corpo externo
é integral, mesmo que este já possua uma carga inicial. Assim, se o corpo
Interno for novamente eletrizado e outra vez ligado internamente ao corpo
externo, sua carga se transferirá totalmente para o corpo externo. Esta
operação pode ser repetida varias vezes e, assim, é possível acumular no corpo externo, uma quantidade de carga
cada vez maior. A quantidade de carga no corpo externo, naturalmente, é
limitada pela rigidez dielétrica do ar que o envolve, Como sabemos, se a
rigidez dielétrica do ar for ultrapassada, parte da carga acumulada no corpo
externo a escoar e, portanto, a carga máxima que pode existe no corpo externo é
aquela que cria um campo igual à rigidez dielétrica do ar.
COMO
FUNCIONA O GERADOR DE VAN DE GRAAFF
O fato de a carga elétrica se
transferir integralmente de um corpo para outro, quando há contato, constitui o
principio básico de funcionamento de gerador de Van de Graaff.
Este aparelho é constituído por uma
correia que passa por duas polias, uma dela acionada por um motor elétrico que
faz a correia se movimentar. A segunda polia encontra-se no interior de uma
esfera metálica oca, que está apoiada em duas colunas isolantes.
Enquanto a correia de movimenta, ela
recebe carga elétrica por meio de uma ponta ligada a uma fonte de alta tensão (
cerca de 10 000V). Esta carga é transportada pela correia para o interior da
esfera metálica Uma ponta ligada a
esfera recolhe a carga transportada pela correia. Em virtude do contato
interno, esta carga se transfere integralmente para a superfície externa da
esfera do gerador.
Como as cargas são transportadas
continuamente pela correia, elas vão se acumulando na esfera, até que a rigidez
dielétrica do ar seja atingida. Nos geradores de Van de Graaff usados em
trabalhos científicos, o diâmetro da esfera pode ser de alguns metros e a
altura do aparelho atinge , ás vezes, 1,5m. Nestas condições, é possível obter
voltagens de até 10 milhões de volts. Observe que a voltagem obtida no aparelho
é cerca de mil vezes maior do que a
voltagem fornecida pela fonte que alimenta a correia do gerador.
O
GERADOR DE VAN DE GRAAFF NOS LABORATORIOS DE ENSINO.
O gerador de Van de Graaff pode ser
construído em pequenas dimensões para ser usado nos laboratórios de ensino: o
diâmetro de sua esfera mede cerca de 20 cm e pode-se, com ele, obter potenciais de alguns milhares de
volts. Geralmente, nestes geradores mais simples, a carga elétrica fornecida a
correia não é obtida por meio de uma fonte especial de tensão. Esta carga é
desenvolvida na base do motor do próprio aparelho pelo atrito entre a polia e a
correia. Além disso, em lugar do motor elétrico, costuma-se usar simplesmente
uma manivela para movimentar a polia e a correia. Um gerador como este pode ser
construído com relativa facilidade, podendo-se obter, em manuais especializados
( guias de laboratórios por exemplo), maiores detalhes dobre o material a ser
utilizado e a maneira de montar o aparelho.
A
CARGA ELÉTRICA É “QUANTIZADA”
Vimos, no início de dos fenômenos
elétricos, que somente com o desenvolvimento da Física nos século XX foi
possível entender o mecanismo pelo qual um corpo se eletriza. Como você sabe,
após serem estabelecidas a s teorias sobre a constituição do átomo, os
cientistas concluíram que a eletrização é devida simplesmente ao fato de um
corpo ganhar ou perder elétrons.
Por este motivo, o calor da carga
elétrica que um corpo possui deve ser sempre um múltiplo inteiro do valor da carga
do elétron. Em outras palavras, se
desejássemos alterar o valor da carga de um corpo, a mínima variação que
poderia ser realizada seria ceder ou retirar dele apenas um elétron. Portanto,
o valor da carga de um corpo nunca poderia sofrer uma variação cujo módulo fosse
inferior ao módulo da carga desta partícula, isto é, esta variação não poderia
ser igual a uma fração da carga do elétron. Sempre que isto ocorre com uma
grandeza dizemos que ela é quantizada, o
que significa que o valor da grandeza só pode variar em saltos. O menor valor
desta variação, isto é, o menor salto que o valor da grandeza pode sofrer,
é denominado quantum da grandeza. Assim, podemos dizer que a carga
elétrica é uma grandeza quantizada e que o quantum
de carga elétrica é o valor da carga
do elétron. Os cientistas do início do século XX já suspeitavam que esta ideia
fossem verdadeiras. Nesta época, o cientista americano Robert Millikan realizou várias experiências que
realmente comprovaram a quantização da carga elétrica e conseguiu , ainda,
determinar o valor da carga do elétron.
Embora as experiências realizadas
por Millikan tenham sido muito trabalhadas observadas um período de alguns anos
de trabalho deste cientista, as ideias básicas nas quais elas se apoiam são
relativamente simples.
ROBERT
ANDREWS MILLIKAN ( 1868-1953)
Físico
americano que, após estudar na Universidade de Berlin, voltando à sua terra
natal tornou-se professor da Universidade de Chicago .Foi ai que realizou sua
célebre experiência da gota de óleo que lhe permitiu medir o valor da carga de
elétron. Outro trabalho de Millikan de grande repercussão foi a verificação
experimental da equação de Einstein , do efeito fotoelétrico, Através deste trabalho
ele obteve um valor muito preciso para a constante de Planck. Millikan recebeu várias
homenagens e ocupou vários cargos
importantes, salientando-se a representação de seu pais na Liga das Nações . Em
1923 recebeu o Prémio Nobel de Física por seus estudos sobre a carga elementar
do elétron e o efeito fotoelétrico.
Um esquema de montagem usado por
Millikan, gotas de óleo, muito pequenas, são lançadas na câmera superior do
dispositivo por meio de um pulverizador. Estas gotículas, no próprio processo
de sua formação, adquirem uma carga elétrica, geralmente negativa, Millikan
desejava medir o valor da carga elétrica nesta gotícula e , para isto,
estabeleceu uma diferença de
potencial VAB entre as placas A
e B . Desta maneira, entre estas placas foi estabelecido um campo elétrico
uniforme E, cujo módulo, como sabemos
, é dado por E = VAB / d,
onde d é a distancia entre as placas. Algumas gotículas, passando através do
pequeno orifício existente na placa superior, penetram neste campo, ficando, então,
sob a ação de duas forças: o seu próprio peso mg, dirigindo para baixo, e a força elétrica, F = qE, dirigida para cima. Millikan fazia variar a voltagem VAB até que a gotícula,
observada através de uma luneta, ficasse em repouso entre as duas placas. Nesta
situação, o valor da força elétrica era igual ao peso da pequena gota de óleo ,
isto é,
qE= mg donde q=mg/E
Como
a intensidade do campo elétrico podia ser calculada pela expressão E =VAB/d
e como Millikan conhecia a massa m de
cada gotícula, ele conseguiu obter o
valor da carga q existem em cada
pequena gota de óleo .
MILLIKAN DETERMINA O VALOR DA CARGA
DO ELÉTRON
No período dos 1906 a 1913 Millikan realizou um grande número de experiência,
medindo o valor da carga elétrica adquirida por milhares de gotículas de óleo, o resultados dessas experiências permitiram-lhe
concluir quem de fato , a carga elétrica é quantizada, possibilitando também
que ele determinasse o valor do quantum de carga elétrica ( o valor da carga do
elétron).
Usando a relação q = mg/E para
calcular a carga de diversas gotículas, foram, obtidas valores que eram sempre múltiplos
de uma dada carga. Esta, por sua vez, representava o menor valor obtido, isto
é, nenhuma das gotículas analisadas possuía uma carga de valor inferior a este
mínimo, Para esclarecer as conclusões possíveis por Millikan , consideramos os
dados seguintes, que representam possíveis valores da carga elétrica, observando
em algumas gotículas:
1ª
gotícula – q1 = 6,4 x 10-19 C
2ª
gotícula – q2 = 3,2x10-19 C
3ª
gotícula – q3 = 1,6x10-19 C
4ª
gotícula – q 4 = 8,0x10-19 C
5ª
gotícula – q5 =4,8x10-19 C
Como vemos, o menor valor da carga
em uma gota é 1,6x10-19 C e todas as outras cargas são múltiplas deste
valor mínimo, MIllikan concluiu, assim, que a 3ª gotícula tinha adquirido
apenas 1 elétron em excesso e, portanto , o valor da carga do elétron era
1,6x10-19 C. Então, nas
demais gotículas temos:
1ª
gotícula – 4 elétron em excesso
2ª
gotícula – 2 elétron em excesso
4ª
gotícula – 5 elétron em excesso
5ª
gotícula – 3 elétron em excesso
Experiências posteriores, realizadas
em outros campos da Física, forneceram resultados em perfeita concordância com
as conclusões obtidas por Millikan. Por seus trabalhos, principalmente pela
determinação do valor da carga do elétron, este cientista recebeu o Prêmio
Nobel de Física em 1923.
Fonte: Luiz, Antônio Máximo Ribeiro da, Beatriz Alvarenga Álvares,
Física vol 3- São Paulo;Scpione,2006